Aos sete dias do mês de setembro de 1822 o Brasil se torna independente, livre de Portugal, marcando sua autonomia política e administrativa. Esse fato histórico, um dos mais importantes do Brasil, parecia que já ditava os rumos políticos, sociais e econômicos dessa nova nação “independente”. Na época, a má distribuição de renda já assolava a sociedade brasileira, o povo sequer entendia o motivo daquele alvoroço, a independência não trouxe nenhuma mudança na estrutura agrária do país, nem mesmo à escravidão. De tudo, a camada que mais se beneficiou foi a elite agrária que deu total apoio a D. Pedro I.
O rompimento com Portugal era desejável por grande maioria dos brasileiros, porém havia divergências por conta de existirem grupos sociais distintos: a aristocracia rural do sudeste, as camadas populares urbanas liberais radicais e por fim, a aristocracia rural do norte e nordeste, sem contar que para que Portugal reconhecesse oficialmente a independência de sua antiga colônia, exigiu uma indenização de dois milhões de libras esterlinas. Sem este dinheiro, D. Pedro I recorreu um empréstimo da Inglaterra, iniciando assim, o endividamento externo do Brasil.
Mas, e hoje? Cento e noventa anos depois. Já temos independência? Somos autônomos? Qual o verdadeiro significado de independência?
Sem buscarmos uma resposta para esses questionamentos, no sete de setembro desfilamos pelas praças e avenidas o orgulho por essa “pátria amada Brasil”, como se ao ouvirmos o grito “do Ipiranga às margens plácidas” teríamos de fato conquistado a independência.
A independência não existe num país onde a política é determinada em grande parte, por mecanismos neoliberais; a independência não existe num país onde são fabricados milhões de analfabetos e desempregados; a independência não existe num país onde a exploração da mão de obra e da natureza é a fonte de riqueza da burguesia; a independência não existe num país onde não é questionada a venda ao capital financeiro internacional de um dos maiores patrimônios construídos com dinheiro público (Companhia Vale do Rio Doce); a independência não existe num país onde a igualdade, ainda que “com braço forte”, não é conquistada; a independência não existe num país onde a impunidade e a corrupção são notícias diárias; a independência não existe num país onde “tudo é fonte de lucro: mídia e educação, saúde e cultura, esporte e religião”; a independência não existe num país onde a população não busca a independência.
Brasil, país “gigante pela própria natureza, és belo, és forte, impávido colosso, e o teu futuro...”.
Este futuro está entregue a quem? À elite burguesa? Aos opressores? À base corruptível da política brasileira? Ao atual modelo hegemônico?
Queremos acreditar que não! Hoje, o que nos alimenta são nossos sonhos, nossas utopias, mas ainda “verás que um filho teu não foge à luta”, e queremos “independência ou morte”.
Por: André Luiz Silva Azevêdo
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