Concluída a ocupação militar da cidade de Salvador. O Brigadeiro Português Inácio Luiz Madeira de Mello e seus comandantes adotaram uma linha de providências que visava duplamente justificar as decisões que tomaram para posse do governo das armar e obter apoio político local para manter a Bahia unida a Portugal. Madeira de Mello divulgou uma proclamação na qual afirmava desejar “que a harmonia torne a estabelecer-se entre tantos milhares de cidadãos de uma mesma nação súbditas de um mesmo rei, que só deve considerar-se entre se como irmão”. Mas estava preparado para uma luta demorada; e para as suas tropas portuguesas comandados pelo brigadeiro Francisco Joaquim Caneti e que tinha sido expulsos do Rio de Janeiro por ordem do Principio D. Pedro. Um número apreciável de famílias abandonaram a cidade. Iam para o Recôncavo: Santo Amaro, São Francisco do Conde, Cachoeira, Maragogipe,...
Existiriam em abril várias conspirações contra o governo militar que Madeira de Mello estabeleceria na cidade de Salvador; algumas tendiam para o reconhecimento da autoridade do Príncipe Regente D. Pedro. Mas só se definiram entre maio/junho. E nesse sentido influiu a carta-consulta de 22 de março dos deputados baianos às Cortes, um documento preparado com o espírito conciliador do parecer da Comissão Especial dos Negócios do Brasil, mas que, ainda assim, uniu proprietários, oficiais militares e intelectuais liberais nas mesmas posições de reconhecimento da regência no Rio de Janeiro e da aceitação da autoridade do Príncipe D.Pedro. O jornal O Constitucional esclarece: “Defendemos e havemos de defender a posição de ter o Brasil, um Centro de Poder Executivo”. Tentou-se um primeiro pronunciamento na Câmara da cidade de Salvador. Marcado para 12 de junho, nesse dia as tropas portuguesas bloquearam as ruas da Misericórdia e a Direita do Palácio, a Praça da Câmara e todas as vias de acesso; a reunião estava proibida. Dois dias depois (14 de junho) reuniu-se a Câmara de Santo Amaro. E, com a participação do Ouvidor da Comarca, Desembargador Antônio José Duarte d’Araújo Gordin, dos vereadoras João Lourenço de Atayde Seixas, Antônio de Araújo Gomes Junior; Raymundo Gonçalves Martins, do juiz-de-fora e presidente da Câmara Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos, do procurador da vila Joaquim José Ribeiro Juimones; de oficiais da milícia, religiosos, advogados, políticos e professore; decidiu: “ Que haja no Brasil, hum Centro único de Poder Executivo, que este poder seja exercido por sua Alteza rela, o Príncipe Real” (D. Pedro). A partir da aprovação dessa resposta a carta-consulta dos deputados baianos ás Cortes é possível encontra uma sequência de preparativos para a união da Bahia ao Príncipe D. Pedro, já então aclamado no Rio de Janeiro Defensor Perpetuo e Constitucional do Brasil.
A 21 de junho há uma reunião, proprietários, lavradores, militares, na final inventariam armas e munição; em 24 de junho concentram-se soldados e oficiais militares sob o comando dos grandes proprietários e coronéis da milícia José Garcia de Moura Pinetu e Aragão e Rodrigo Antônio Falcão Brandão. No sitio de Belém, povoado pouco acima da Vila de Cachoeira. a) O 25 de junho. Foram esses que oficiaram convocando uma reunião da Câmara. E reunida às 9 horas da manhã de 25 de junho de 1822, essa câmara indaga “do povo, e tropa” (...) “se erão contentes que se aclamasse a S.A.R. o sr. D. Pedro de Alcântara, por Regente Perpétuo Defensor e Protector do Reino Brazil.” Com a resposta afirmativa, o procurador da vila, Manuel Teixeira de Freitas jogou o estandarte da Câmara para o povo e a tropa reunida na praça aparentemente significando que lhes entregava o símbolo do poder. Lavrou-se uma ata. E estava celebrando Ti Deum na igreja de Nossa Senhora do Rosário quando a escuna canhoneira pilotada por Madeira de Mello disparou o primeiro tiro contra a vila; quase ao mesmo tempo, de suas casas alguns portugueses atiraram nos que passavam. Mas foi somente no dia seguinte que se formou a Junta Interina, Conciliadora e de Defesa, que se instalou no Hospital São João de Deus e adotou as suas primeiras decisões de governo: enviar mensageiros às vilas e povoados para informar-lhes a aclamação do príncipe e as hostilidades portuguesas já declaradas para a escuna canhoneira; e organizar forças para deter os tiros da canhoneira e dos portugueses isolados em suas residências. Aproveitavam uma “velha peça de ferro” para improvisar a arma com que responderam aos disparos da canhoneira. Também utilizaram vaívens mandados. E embora fossem precárias, essas armas, serviram e no entardecer de 28 apareceu uma bandeira branca na canhoneira, que foi tomada e de onde vieram presos o capitão e 26 soldados.
Nesse junho de 1822, Francisco Carneiro de Campos e José Cardoso Pereira de Mello abandonaram a Junta Provisória da Bahia, já então virtualmente prisioneira das tropas portuguesa; foram para o Rio. Pouco antes deles, Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque deixa a residência dessa Junta e seguiria para Santo Amaro. b) Adesão das Vilas: A 26 de junho ocorreu a reunião na Câmara da vila de Maragogipe que decidiu: “no Reino Brazil deve residir hum único centro de poder executivo na pessoa do príncipe real”.. No dia 29 chegou a Cachoeira, uma delegação das vilas de São Francisco do Conde e de Santo Amaro, composta do tenente coronel Felisberto Gomes Carneiro, do major-de-engenharia Antônio Mario da Silva Torres (um e outro, conspiradores do 03 de novembro) e de Miguel Calmon Du Pim e Albuquerque. Propuseram que a Junta ampliasse suas atribuições para transformar em governo militar e civil legitimo em todas as vilas do Recôncavo.
Em 29 de junho, as vilas de São Francisco do Conde e de Santo Amaro aclamaram o Príncipe D.Pedro, Regente Constitucional do Brasil. Por esses dias, Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque de Ávila Pereira, chamado Santinho, empolou o comando geral das tropas milicianas. Sucintas, mas incisiva representação de São Francisco e Santo Amaro pediu em agosto “o estabelecimento de um governo geral, não só para o recôncavo e comarca da Bahia, mas também para toda a província”. Queriam um conselho, ao qual “todas as autoridades civis e militares sem excepção alguma ficarão subordinados”. Interino teve a seguinte composição:
Santo Amaro: Francisco Elisbão Pires de Carvalho e Albuquerque que seria eleito Presidente do Conselho em 6 de setembro; Cachoeira: Francisco Gomes Bedão Montizuma, que seria eleito secretario em 6 de setembro; São Francisco do Conde: Desembargador Antônio José Duarte D’Araújo Gondin; Jaguaribe: Capitão Manuel Gonçalves Maria Bittencourt; Maragogipe: Capitão-mor Manuel Silva Souza Coimbra; Inhampube: Coronel Simão Gomes Ferreira Vellozo; Pedra Branca: Cônega Manuel Dênde Bus; Abrantes: Miguel Calmon du Pim e Almeida; Itapicuru: João Dantas dos Reis Portátil; Valença: Reverendo Theodozio Rios de Castro; Água Fria: Vigário Francisco José de Miranda Jacobina: Comendador Francisco Ayres de Almeida; Maraú: Manuel dos Santos Silva; Rio de Contas: Capitão José Valentim de Souza; Camanu: Reverendo Izidoro Manuel Mendes; Santarém: Capitão Pedro Jorge Vilimo; Cairu: Pedro José de Melo Varjão. Esse conselho exerceu enérgica e constante ação política, militar e administrativa desde a sua instalação e procurou manter-se no governo ao longo da campanha militar. Nos seus primeiros dias, dirigiu-se às Câmaras e exigiu votos de fidelidade e obediência; organizou batalhões; reuniu e distribuiu armas e munição; e até que o coronel Santinho entregasse o camando dessas forças ao general Pedro Labatut; o Conselho interino suscitou as proposições de defesa estabelecidas na Ilha de Itaparica e nos pontos do Funil, São Roque, Encarnação, Iguape, Saubara e Ponta de Nossa Senhora.
Era a Guerra pela Independência do Brasil na Bahia. Ao longo do decurso, há uma primeira fase, na qual as operações de guerra seguiram iniciativas locais, embora sofra controle geral do Conselho Interino e comando do Coronel miliciano Santinho, Joaquim pires de Carvalho e Albuquerque de Ávila Pereira, que seria depois Visconde de Pirajá. E lha numa segunda fase, essa sob o comando unificado do General Pedro Labatut. Na fase que vai de junho a outubro de 1822, sugiram diversos Batalhões Patrióticos, alguns dos quais se tornaram conhecidos: Campanha dos “Caçadores de Santo Amaro”, que obedeceu ao comando do proprietário Capitão Antônio Bittencourt Berenguer César; “Voluntários da Vila de Argolo; e os voluntários do Príncipe D.Pedro”, denominado dos Periquitos (por causa da farda), sob comando do Major Miliciano Castro. Esse batalhão foi posteriormente adestrado ao Exercito e tornou-se Batalhão dos Caçadores, a ele pertenceu Maria Quitéria.
A esquadra que trouxe Labatut partiu do Rio a 1 de junho; transportava 38 oficiais e 260 soldados. Purigiu-se, porém para Alagoas e de Alagoas para Pernambuco, onde Labatut incorporou 250 homens da tropa de linha, soldados armados e “pagos por trez meses” e oficiais brasileiros, dos quais é o maior exemplo, o coronel José de Barros Lacerda. Labatut alcançou a “Fera do Capuame” em 28 de outubro. Nesse mesmo dia o coronel Santinho reuniu todo o armamento e tropa para o Engenho Novo de Pirajá e entregou o comando. Em seguida Labatut dedicou-se à organização e a disciplina do Exercito. E, em tom sereno, apresentando-se como pacificador, intimou Madeira de Mello. Todavia descrente de qualquer solução pacifica organizou o Exercito em duas “Brigadas” colocando a primeira brigada na área de Cabrito – Campinas – Pirajá e a segunda em Armação “avançando duas léguas de Itapoan”; o Tenente Coronel José Falcão de Gomes Caldera. Tornou outras providências, principalmente para municias a tropa e suprir o Tesouro geral do Exercito. Era severo o distante, e inaugurou seu comando com a disciplina de guerra em que fora educado na Europa. É nessa fase que a guerra pela Independência do Brasil na Bahia vive alguns dos seus principais choques bélicos, o mais importante dos quais foi a Batalha de Pirajá. a) A Batalha de Pirajá: Travou-se na área de Cabrito – Campinas – Pirajá. Teria durado oito chovas. E movimentou 4000 homens constituindo-se desde então na mais alta demonstração da resistência Brasileira ao longo da cansativa, ingrata e numerosa campanha militar pela Independência. Contudo, que sabemos dessas batalhas? Em verdade, muito pouco: o comunicado de Labatut para o Conselho Interino, data de 9 de novembro, no qual informe que as forças de Madeira de Mello foram “obrigadas a ceder pelo valor, o de novo das bravas Tropas Pernambucanas e do Rio de Janeiro, como também pelos soldados da Legião da Bahia”; a corta ao Ministro José Bonifácio de Andrade e Silva; e as noticias publicadas nos jornais “Seminário Cívico e Idade d’Ouro” . Pela escassez e imprecisão dos informes, passou a dar grande credito à versão de Ladislau dos Santos Titaro, o autor do poema “Paraguaçu” e a quem se respeita como testemunha ocular da campanha militar pela Independência, pois exerceu o encargo de registrar em linhas todas as correspondências do General Labatut.
Nas informações de Labatut, mas noticias dos jornais portugueses aparecem à tenacidade dos oficiais e soldados brasileiros, regulares, milicianos e voluntários, e o erro tático do Coronel Português Francisco José Pereira, que atacou pela esquerda e abriu para Armação e Boca do Rio, assim enfraquecendo o centro do ataque a Campinas – Pirajá, o que concedeu ao Tenente Coronel Barros Falcão (Labatut nau participou da Batalha de Pirajá) uma brecha para a ofensiva.
Fonte: http://www.ondacultural.ufba.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9%3Aindependencia-da-bahia&catid=8%3Ahistoria-da-bahia&Itemid=47.
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